Menos de duas décadas de vida não é suficiente para falar em experiência, não me permite dizer “pelo o que eu sei”, nem me dá soluções plausíveis pra algum incomodo que eu denomine problema. É suficiente, porém, pra me proporcionar memórias boas, histórias ruins, bons amigos, desconhecidos esquecidos, algumas lembranças em cicatrizes, alguns medos por decepções, alguns anseios por alegrias, muita vontade de viver sempre com o dobro de velocidade, mesmo tendo a certeza de que quando o menos for mais, eu procurarei o freio, provavelmente sem sucesso. Sempre ouvi dizer que sábio é quem aprende com os erros dos outros. Sempre entendo, quase nunca pratico. Desde que eu me lembro de diferenciar palavras e saber quando são contos e quando são depoimentos de uma vida, pessoas contam como chegaram até onde estão, sempre enfatizando o erro que serviu de escada, ou de rampa para deslizar de volta e recomeçar. Elas sempre querem que você memorize aquele erro e o guarde como se tivesse sido cometido por você, pare que você não o repita. A verdade é que provavelmente aquelas pessoas já ouviram os mesmos erros cometidos antes de os cometerem e, na verdade, o erro foi querer errar.Esperança é mesmo um sentimento cômico, faz a gente pular do penhasco a espera de criar asas e, às vezes, nos dá. Raro.
Sempre haviam personagens cujos erros os transformaram de pobres em ricos, ou, de ricos em pobres; os que achavam que perdiam o grande amor e ao perde-lo foi que realmente encontram-no, e os que o perderam e não voltaram a encontrá-lo; os que nunca se recompuseram, e os que deram a volta por cima.
De todos aqueles depoimentos, lembro de um ser contado por muitas e muitas diferentes vozes. Aquelas aventuras de quem pode falar por experiência e dizendo que pelo o que sabiam, aqueles teriam sido os melhores anos, com as melhores pessoas. Você sempre as ouve falar sobre amigos os quais não eram vistos há 10 anos, e continuam sendo amigos, por que não importa quanto tempo se passe, eles ainda estão lá, em algum lugar daquele tempo.
Essas pessoas com mais de duas décadas, passam a diferenciar incômodos de problemas, mas parecem esquecer de como adquiriram aquela experiência. Segundo aqueles depoimentos, eram muitos problemas e pouco tempo pra resolvê-los. Parando no raciocínio e voltando para os jovens sem experiência... Como pra eles é fácil a solução, é só questão de compartilhar, contar, ouvir e esperar. Afinal, você é parte da solução dos problemas dos seus amigos e ele parte da solução dos seus. Voltando ao raciocínio, os ‘experientes’ possuem maturidade suficiente para darem de conta de todas as soluções sozinhos, sem perceber que quando a resolução dos seus problemas passa a ser autosuficiente, assim também se fariam as suas alegrias. Dessa forma, quanto mais aqueles depoimentos avançavam, menos personagens continha a história, mais erros eram cometidos, menos voltas por cima eram dadas e ao invés de esperança, entrava o conformismo. Deus quis assim.
Então aqui vai o depoimento de quem não tem experiência, e que não fala pelo que sabe, e sim, pelo que acha... Por mais longa que sua trajetória esteja ficando, errar sempre fará parte dela, dá a volta por cima, recomeçar, errar de novo, acertar, persistir, são coisas que dependerão de você, mas nunca apenas. Compartilhar alegrias, acertos e conquistas é sempre muito mais fácil que dizer que errou, compartilhar tristeza ou procurar uma segunda solução . Nunca ache que de tanto errar e compartilhar o erro você saberá, sozinho, passar por tudo o que vier pela frente... Claro que você conseguirá, mas e então? Com quem você irá compartilhar a felicidade de ter acertado?
Não se ter experiência nunca proporciona medo de errar quando se tem amigos, essa é a verdade.