sábado, 19 de novembro de 2011

Brisa da tarde em uma praia qualquer.



Um jogo de frescobol, um casal e um cachorro
Três ondas quebrando, um veleiro flutuando
Sete desenhos apagados na areia
O nome de duas pessoas em um coração
Um castelo de areia afrontando a água salgada ainda distante
Olhos que se fecham pra ouvir melhor      
O cabelo que se assanha sem incomodar
Os pés enterrados em areia úmida
Uma criança pulando o mar como se competisse com as ondas
Um casal de idosos que pensa que aquela pode ser a última tarde
Um senhor com uma rede sem peixes
Uma varanda com um filtro dos sonhos
Um bebê, uma pá e sua primeira piscina
Alguém que caminha observando as pegadas
O mar cantando, as pessoas deixando de ouvir
O sol descendo como quem não que ir
O céu azul, depois vermelho, depois roxo e então escuro.
Sem crianças, nem velhinhos
Alguns casais, uma lua sorridente, o mar de espelho
A paz
A liberdade
Mais uma brisa
E eu. 

sábado, 22 de outubro de 2011

Carta sem remetente.

Oi estranho, senti sua falta hoje. Saudade daquele abraço apertado que você nunca me deu, das nossas conversas em lanches que nunca aconteceram, da gente cantando junto alguma música que ainda não foi lançada.
Ontem eu tive vontade de te ligar. Teria ligado se tivesse o seu número. Pensei ter ouvido a sua voz me contando alguma besteira, enquanto eu admirava você sorrindo. A imagem era meio embaçada porque minha mente ainda está concluindo como será seu sorriso. Mas do som da sua risada que eu nunca ouvi eu lembro bem.
Acho que sonhei com você esses dias, sonhos bons... Não consigo recordar nitidamente todos eles, porque seu rosto nunca apareceu em nenhum deles. Mas eu lembro que em um deles eu senti você colocar meu cabelo pra trás. Acho que você toca violão, porque seus dedos me arranharam um pouquinho e isso fez com que eu me arrepiasse.
Ando compartilhando o meu dia com a brisa da tarde, esperando que ela sussurre pra você, como quando a gente jogou telefone sem fio naquele dia 30 de fevereiro.
 Sei que parece loucura, mas meu coração acelera por alguém que não existe.  
Preciso acordar agora, até mais. 

domingo, 19 de junho de 2011

Vi e escrevi


Eu li: "Escute, mas não acredite. Beije, mas não se apegue. Olhe, mas não se apaixone. Se jogue, mas não se machuque."
Me pergunto se vale a pena agir de forma tão superficial de maneira que você nunca conhece a consequência de cada ato realizado por você mesmo. Acho que isso é a definição de uma felicidade que talvez seja eterna, porém, nunca intensa.
Leia e seja lido, entenda e deixe-se entender, cante e ouça uma canção, abrace e permita-se ser abraçado. Viver com o medo da intensidade que é errar, aprender e concertar é o mesmo que entrar na chuva pra não se molhar.
Pense nisso ou não.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Não sei, mas sei.



Se é pra falar de amor, podemos começar da primeira vez que iluminamos alguém. Do choro contido por nove meses anunciando a primeira sensação de estar vivo e respirar. Que eu fale da minha mãe gritando enfurecida com cada pessoa que tinha  sinceridade suficiente pra falar que eu não era uma criança exatamente bonita.Volte ao primeiro defeito que o seu pai reconheceu em você, não havia ilusão pra se esvair, ele te amou pelo seu melhor e se comprometeu na promessa perpétua de educar o seu pior.

Se é pra falar de amor, vamos falar então de quando você se depara com a primeira definição de amizade e possui um seleto grupo de melhores amigos constituído de 18 pessoas (toda sua classe do jardim I e a professora que te compra o lanche). Do seu amor por crescer, da ansiedade de alcançar o ombro da sua mãe, ou da eternidade entre a sua idade e a sua professora da alfabetização que tinha 23 anos.
Quantos gatinhos você viu no meio da rua e tentou levar pra casa pra cuidar escondido, já que sua mãe  não deixaria você ficar com ele? Ora, ela sabia que eles cresceriam e você já não veria tanta fofura pela qual você se apaixonou. Acho que é por isso que as crianças amam de forma tão intensa e pura, o futuro lhes parece tão utópico que vivem cada momento como se aquela fosse a verdade da sua vida inteira(ainda há quem duvide da sabedoria de uma criança)


Se é pra falar de amor, relembre a primeira vez que você se olhou no espelho e pensou ser a pessoa mais incrível do mundo inteiro... até o seu primeiro amor, na quinta série, quando você transfere o título de pessoa incrível e acha o grande amor da sua vida, que irá durar até a sexta série. Lembre da música daquela banda que te deixava sempre arrepiado, da sensação de sentir que aquela banda sempre cantava você. Ou de quando você ganhou a primeira camisa do seu time e passou duas semana querendo usar a mesma camisa... até seu time perder e você passar duas semanas querendo apenas odiar o mundo, sumir ou chorar.


E se estamos falando de amor, que se fale em amigos do colégio que se tornaram irmãos e te deram uma definição concreta de amizade. Das promessas de quanto tudo aquilo seria para sempre e de como vocês iriam passar todos no vestibular pra mesma universidade, viajar e morarem todos no mesmo apartamento. Vocês sabiam quanta ilusão existia em cada verdade que se dizia... mas o amor tem disso as vezes, você sabe que é engano, mas preferem se enganar e fazer de tais verdades eternas enquanto durarem.

De paixão não, falem de amor. Amor é muito mais que uma definição, do que meras sensações... é muito mais vasto que achar que é pra sempre, mais puro que ser criança. É quase impossível ter certeza e amor ao mesmo tempo. Penso que deve ser um conjunto de tantas coisas: ditas e não ditas, certas e erradas, impulsivas e controladas, reais e inexistentes... 
Dizem que só se ama uma vez na vida, acho que a vida é que está contida no amor.
Pra mim, o amor está em muito mais que todas as entrelinhas.
e pra você?

quinta-feira, 26 de maio de 2011

De fora pra dentro

Pensando no dano, pra que olhar pra lá?
Quanto mais perto eu chego, mais alto eu quero sonhar
Sei sempre menos do que penso saber
Gosto mais de mim do que acho gostar
Sempre silencio na hora de falar
Tenho os maiores impulsos quando me foge o tempo
Amo os melhores amores sem saber amar
Acerto no erro com intenção de errar
Toco violão só de imaginar
Não dou tempo pra discussão de razão e emoção
Chego antes de sair pra assistir o que não se pode ver
Sinto falta de não sei o que quando abraço o ar
Sou feliz quando choro, não dou trela pra tristeza me fazer chorar
Só sou metade quando ela é inteira por si
Vejo a fusão das cores no branco mas não vejo a ausência delas no preto
Gosto de flutuar na brisa com os pés no chão
Quando eu grito, eu sussurro
Nem regra, nem exceção
Ouvi dizer que me dizem paradoxo....
...e me achei.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Sertanejo Desconhecido


Um jantar a luz de estrelas ofuscadas pela cidade
Alimentanto-se de amor, nutrindo-se de vento
Um sorriso de esperança, um pranto de certeza
Graduado em desinformação, especializado em prática
Dormindo num colchão de chão, num vão que chamava casa
Uma infinidade de nãos, oportunidades raras
Dinheiro que nunca via
O sonho de ser 'Coroné' se esvaia
Mas aí entrava Zé e Maria,
Advertindo que sem dançar, dalí não sairíam
O  sujeito sua sanfona arrebatara,
Explodindo em uma melodia que em todo sítio se ouvia
Sem saber por que vivia, ainda pensava
Que apesar de nada ser como ele  sempre sonhara
Felicidade tão pura como aquela, ninguem sequer houvera sonhado.

domingo, 13 de março de 2011

Histórias de quem nada sabe.


Menos de duas décadas de vida não é suficiente para falar em experiência, não me permite dizer “pelo o que eu sei”, nem me dá soluções plausíveis pra algum incomodo que eu denomine problema. É suficiente, porém, pra me proporcionar memórias boas, histórias ruins, bons amigos, desconhecidos esquecidos, algumas lembranças em cicatrizes, alguns medos por decepções, alguns anseios por alegrias, muita vontade de viver sempre com o dobro de velocidade, mesmo tendo a certeza de que quando o menos for mais, eu procurarei o freio, provavelmente sem sucesso.  Sempre ouvi dizer que sábio é quem aprende com os erros dos outros. Sempre entendo, quase nunca pratico. Desde que eu me lembro de diferenciar palavras e saber quando são contos e quando são depoimentos de uma vida, pessoas contam como chegaram até onde estão, sempre enfatizando o erro que serviu de escada, ou de rampa para deslizar de volta e recomeçar. Elas sempre querem que você memorize aquele erro e o guarde como se tivesse sido cometido por você, pare que você não o repita. A verdade é que provavelmente aquelas pessoas já ouviram os mesmos erros cometidos antes de os cometerem e, na verdade, o erro foi querer errar.Esperança é mesmo um sentimento cômico, faz a gente pular do penhasco a espera de criar asas e, às vezes, nos dá. Raro. 

Sempre haviam personagens cujos erros os transformaram de pobres em ricos, ou, de ricos em pobres; os que achavam que perdiam o grande amor e ao perde-lo foi que realmente encontram-no, e os que o perderam e não voltaram a encontrá-lo; os que nunca se recompuseram, e os que deram a volta por cima.
 De todos aqueles depoimentos, lembro de um ser contado por muitas e muitas diferentes vozes. Aquelas aventuras de quem pode falar por experiência e dizendo que pelo o que sabiam, aqueles teriam sido os melhores anos, com as melhores pessoas. Você sempre as ouve falar sobre amigos os quais não eram vistos há 10 anos, e continuam sendo amigos, por que não importa quanto tempo se passe, eles ainda estão lá, em algum lugar daquele tempo.
Essas pessoas com mais de duas décadas, passam a  diferenciar incômodos de problemas, mas parecem esquecer de como adquiriram aquela experiência. Segundo aqueles depoimentos, eram muitos problemas e pouco tempo pra resolvê-los. Parando no raciocínio e voltando para os jovens sem experiência... Como pra eles é fácil a solução, é só questão de compartilhar, contar, ouvir e esperar. Afinal, você é parte da solução dos problemas dos seus amigos e ele parte da solução dos seus. Voltando ao raciocínio, os ‘experientes’ possuem maturidade suficiente para darem de conta de todas as soluções sozinhos, sem perceber que quando a resolução dos seus problemas passa a ser autosuficiente, assim também se fariam as suas alegrias. Dessa forma, quanto mais aqueles depoimentos avançavam, menos personagens continha a história, mais erros eram cometidos, menos voltas por cima eram dadas e ao invés de esperança, entrava o conformismo. Deus quis assim. 

Então aqui vai o depoimento de quem não tem experiência, e que não fala pelo que sabe, e sim, pelo que acha... Por mais longa que sua trajetória esteja ficando, errar sempre fará parte dela, dá a volta por cima, recomeçar, errar de novo, acertar, persistir, são coisas que dependerão de você, mas nunca apenas. Compartilhar alegrias, acertos e conquistas é sempre muito mais fácil que dizer que errou, compartilhar tristeza ou procurar uma segunda solução . Nunca ache que de tanto errar e compartilhar o erro você saberá, sozinho, passar por tudo o que vier pela frente... Claro que você conseguirá, mas e então? Com quem você irá compartilhar a felicidade de ter acertado? 

Não se ter experiência nunca proporciona medo de errar quando se tem amigos, essa é a verdade.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Você quer ser o que você é?


Você é feliz e quer ser rico. Você é rico e quer ser feliz.
Você é linda e quer ser magra. Você é magra e quer ser linda.
Você é alta e o garoto por quem está apaixonada não alcança o seu ombro. Você é baixa e até sua havaiana é de salto.
Você é liberal e têm pais conservadores. Você é conservador filho de um casal gay.
Você não gosta de animais e vive na fazenda. Você mora no centro da cidade e é autista.
Você é mulher e quer ser homem. Você é homem e quer ser mulher.
Você morreu antes de nascer. Você nasceu e não quer viver.
Você é brasileiro e quer morar no exterior. Você é mulçumana querendo ser brasileira.
Você reclama que não tem talento, mas têm um bom emprego. Você é talentoso mas falta oportunidade.
Você tem 10 anos, mas queria ter 15. Você está doente e lhe restam cinco anos de vida.
Você sofre de insônia. Você tem sono, mas não tem onde dormir.
Você é amado e não ama. Você ama e não é amado.
Você reclama da música alta. Você nunca soube o que é ouvir.
Você não sabe por que não tem. Você tem e não sabe por que.


São dois vocês. Um indo, um vindo, o isso, o aquilo. Opostos em desejos.
É difícil o que se é e o que se quer ser coincidirem. Ser completamente realizado com o que se tem, querer exatamente o que se pode ter, visitar onde se pode entrar, namorar quem se pode amar, comer o que tem pra comer, vestir o que tem no seu guarda-roupa, ter a idade que se tem, ser filho de quem você é, fazer o que gostamos e podemos fazer, ver mais o que está aos nossos olhos que a nossa imaginação, sonhar com o que não se pode ver, conversar com quem tá perto, presentear mais que ser presenteado, fazer o curso porque se quer, não por que a média foi suficiente, tentar mais para conseguir mais, dormir menos, viver mais, amar mais, amar o que vale a pena ser amado, não andar quando se quer correr, não correr quando se quer andar, não ficar parado quando se quer dançar, não dançar quando se quer ficar parado, dizer mais o que se pensa, falar menos sem pensar, falar mais com os olhos que com a boca, abraçar quando der vontade de abraçar, gritar quando der vontade de gritar, ser livre.

Quando não queremos ser o que não somos, queremos ser mais que o que já somos. Vivemos buscando intensificar mais uma qualidade, ganhar o que se quer e não se pode ter, minimizar um defeito, ser igual a alguém, ser melhor que alguém. Tentamos tanto o mais e o melhor que as vezes curtimos menos o que já se tem, esquecemos de nos conhecer, de saber quem somos, quais são nossos valores. Passamos a saber exatamente o que gostaríamos de ser, onde iremos chegar, quantos filhos queremos ter, com que tipo de pessoa queremos nos casar, qual o valor do salário que queremos ganhar, em que cidade iremos morar... Sabe-se mais do futuro que do presente?  Planejamos mais o faremos amanhã e nos perguntamos menos ao que vamos fazer agora. Não é questão de conformar-se com o que se é, de estacionar, é questão de saber o valor do que se tem antes de seguir adiante e mudar pra melhor e pra você.
Sei pouco do presente, mas ainda assim sei ainda menos do meu futuro. Não significa que eu não tenha planos, que não saiba o que eu quero ser, com quem quero está, significa que aceito a condição de ser o que eu sou, saber do que eu sei, viver a vida que me pertence de um jeito que me faz achar que sou incrivelmente feliz. Sei que quando achei que não amava foi que comecei amar. Sei que não registro muitos momentos em papeis e fotos para que quando o meu futuro se tornar presente eu não compare as felicidades. E você, sabe de que?